Da lição de português para editora: Fã de HQs, aluno com distrofia muscular lança quadrinhos de ficção científica em Santa Bárbara

  • 15/06/2025
(Foto: Reprodução)
Com apoio de escola e família, Nichollas Teixeira realizou o sonho de ver sua história em quadrinhos publicada. Gabriel Guimarães e Nichollas Teixeira, ilustrador e autor de "Invasão Alienígena", respectivamente. Arquivo Pessoal Nichollas Teixeira, um jovem de 17 anos, de Santa Bárbara d'Oeste (SP), lançou a História em Quadrinhos (HQ) de ficção científica "Invasão Alienígena". A publicação da obra marca a superação dos desafios impostos pela doença com que convive: a Distrofia Muscular de Duchenne (saiba mais, abaixo). O garoto tem gostos típicos de alguém da sua idade, como assistir a séries e filmes e jogar videogame. Mas, ele sempre gostou de ler, principalmente Histórias em Quadrinhos (HQs). A produção começou com uma lição de português. 📲 Participe do canal do WhatsApp do g1 Piracicaba Nichollas é aluno da Escola Estadual ""Professor Eduardo Silva" e, por conta de sua condição, a professora Daniele Ricardo Ferreira leciona para ele de forma domiciliar. As lições correspondem aos conteúdos do ensino médio, mas são adaptadas à realidade de Nichollas, por meio do uso de recursos visuais, por exemplo. Lançamento do livro na Escola Estadual Professor Eduardo Silva com Gabriel Guimarães e a professora Danielle Ricardo Ferreira Arquivo Pessoal Da 'sala de aula' para editora Foi nas aulas de língua portuguesa da 1ª série do ensino médio que a produção teve início. O gênero ficção científica faz parte do currículo da disciplina, e, sabendo do interesse do aluno pela escrita, Daniele propôs que ele escrevesse um texto. Ela conta que o aluno ficou empolgado e sugeriu, inclusive, que o texto fosse ilustrado, demonstrando sua sede por conhecimento. Na história, estão contidas referências a outros conteúdos já estudados por ele. Atualmente, Nichollas não escreve mais e, portanto, a dinâmica da produção precisou ser adaptada. A professora o apoiou no processo, atuando na orientação e interferindo pouco na construção da narrativa. "Eu sou as mãos dele", disse a professora. Gabriel Guimarães, Nichollas Teixeira — na tela da TV — e a 'Adoninha', o mascote da editora Arquivo Pessoal Buscando surpreender seu aluno, a educadora entrou em contato com a Editora Adonis, em busca de um ilustrador que desse vida à história. Valéria Mestre, uma das sócias da empresa, se interessou pelo projeto e conduziu a iniciativa filantrópica que uniu a resiliência de Nichollas ao propósito de Gabriel Guimarães, um jovem com o sonho de ser ilustrador. A HQ pode ser adquirida no site da Editora Adonis, por R$ 42,99. Todo o valor arrecadado com as vendas será destinado ao tratamento médico de Nichollas e à promoção de seu bem-estar. Nichollas, que nem imaginava que a escrita de um trabalho escolar se tornaria um livro publicado, hoje comemora a realização desse sonho. Ele conta que os próximos passos em sua carreira de escritor incluem a publicação da continuação das aventuras da heroína Super-Ice. E nós esperamos acompanhar sua história de superação. "Independente da forma como você esteja, nunca desiste de seus sonhos", incentiva o jovem. Seus pais, Enádia Christine Leal Guedes e Anderson Pedro Fazenda Teixeira, estão orgulhosos da conquista e do sucesso alcançado. Além disso, relatam que, após o lançamento da obra, Nichollas se sente mais confiante, motivado e valorizado pois a novidade o fez concentrar-se nos pontos positivos, em vez dos desafios impostos pela doença. "Ele está mais maduro, estudioso e participativo. (O lançamento) foi totalmente positivo para ele", conta o pai de Nichollas. O jovem recebe atendimento do SAD (Serviço de Atendimento Domiciliar), uma iniciativa mantida pela Prefeitura de Santa Bárbara d'Oeste que oferece, gratuitamente, assistência multidisciplinar domiciliar e humanizada. O tratamento é considerado fundamental para garantir qualidade de vida ao paciente, segundo o médico neurologista e professor da Unicamp, Marcondes Cavalcante França Junior, consultado pelo g1 para esclarecer questões sobre a Distrofia Muscular de Duchenne. O que é a Distrofia Muscular de Duchenne? A Distrofia Muscular de Duchenne é uma doença neuromuscular genética, considerada rara, ligada ao cromossomo X, sendo, por isso, mais comum em indivíduos do sexo masculino. Ela é causada por uma mutação no gene DMD, responsável pela produção da proteína distrofina, que atua como um amortecedor durante a contração das fibras musculares. O organismo dos portadores da síndrome deixa de produzir essa proteína, o que resulta na degeneração dos músculos. Os sintomas são motores, como fraqueza muscular, dificuldade de locomoção e alterações ao subir escadas ou pular. Eles costumam aparecer a partir dos três anos de idade, com progressão gradual. É comum que os portadores vivam até a terceira década de vida, falecendo em decorrência de complicações respiratórias e cardíacas. O diagnóstico geralmente ocorre a partir da observação de comportamentos pelas famílias ou professores, que levam à investigação. Também pode ser constatado por meio do exame de sangue CPK (creatinofosfoquinase), que detecta a presença da enzima essencial à produção de energia nos músculos. Atualmente, os pediatras têm incluído esse exame nos check-ups de rotina, o que permite um diagnóstico precoce. Dr. Marcondes afirma que o Hospital das Clínicas da Unicamp já recebe crianças sem sintomas aparentes, mas com resultado positivo no exame. Ainda não há tratamentos comprovadamente curativos para a doença. Os corticosteroides ajudam a retardar o declínio da força e da função muscular e, por isso, são frequentemente utilizados. O neurologista também explica que há medicamentos em desenvolvimento baseados em terapia gênica, que visam corrigir a mutação genética da Distrofia de Duchenne. Esses remédios são produzidos a partir da retirada do DNA de um vírus benigno, chamado adeno-associado, substituído pelo DNA que permite a produção da proteína ausente. O medicamento é injetado na veia e se espalha pelo corpo da criança. Famílias de SP vivem expectativa por aprovação no Brasil de remédio milionário para tratamento de distrofia rara: 'Metade do caminho' Além dos medicamentos, o especialista reforça que os cuidados não medicamentosos são essenciais para garantir qualidade de vida aos pacientes. O acompanhamento multidisciplinar, com fisioterapia, terapia ocupacional, nutrição e outras abordagens, ajuda a evitar deformidades, como a escoliose. "Mesmo que esses remédios modernos cheguem, não vai ter um grande resultado, se junto com isso, não tiver um cuidado multidisciplinar", conclui o médico. *Sob supervisão de Claudia Assencio e Yasmin Moscoski VÍDEOS: Tudo sobre Piracicaba e região Veja mais notícias da região no g1 Piracicaba

FONTE: https://g1.globo.com/sp/piracicaba-regiao/noticia/2025/06/15/da-licao-de-portugues-para-editora-fa-de-hqs-aluno-com-distrofia-muscular-lanca-quadrinhos-de-ficcao-cientifica-em-santa-barbara.ghtml


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